Todos nós, ao longo da vida, desempenhamos em maior ou menor frequência, mais ou menos conscientemente, a função de “formador”.
Seja de forma perfeitamente consciente ou simplesmente no contacto ou convívio com as pessoas com quem interagimos, procuramos com as nossas palavras e acções influenciar, num certo sentido, as acções dos outros, procurando ajustá-las aos nossos próprios padrões, seja de pensamento ou de comportamento, que consideramos, inevitavelmente, os mais correctos.
Contudo, se as nossas tentativas de influência consistirem na explicação das nossas razões e maneiras de pensar apelando à compreensão e reflexão dando, no entanto, a liberdade de escolha, ajustada ao modo de ser e de estar de cada um, esse é um comportamento formativo no sentido próprio do termo: isto é, proporcionar e facilitar o desenvolvimento pessoal, a capacidade de iniciativa, discernimento e decisão, através do fornecimento de elementos e de instrumentos que possibilitem uma análise pessoal e uma escolha consciente.
Só assim desenvolveremos uma actividade verdadeiramente formativa.
Durante muito tempo, um formador era visto antes de mais como um especialista dos conteúdos, que lhe conferia um determinado carisma, que devia possuir talentos de orador. Esta concepção tem evoluído significativamente nos nossos dias, embora não tenha desaparecido completamente.
Formar é um trabalho de profissional que apesar de acarretar consigo uma certa parte de intuição e arte, também exige, para ser eficaz, competências específicas. Formar é uma profissão que assenta em actos técnicos, compreendendo uma parte que pode ser descrita, operacionalizada e aprendida.
Cada vez mais, a variedade e complexidade das situações de formação exigem do formador uma grande capacidade de adaptação, dando-lhe a possibilidade de explorar as suas especificidades através de decisões adaptadas.
O formador, quer exerça essa actividade a tempo inteiro ou não, desempenha e regula o processo de aprendizagem de uma forma sistemática, visando proporcionar com esse exercício a transmissão e aquisição de competências profissionais que confiram, aos indivíduos em formação, o domínio de um conjunto de técnicas fundamentais, que lhes permitam o seu sucesso num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, num mundo tecnológico em permanente mudança.
O formador deve, possuir competências a nível “humano”, técnico/profissional e pedagógico. Ao formador cabe a responsabilidade directa de proporcionar a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes correspondentes ao eficaz desempenho de uma profissão, mantendo-se alerta, atento e interessado, de forma a permanecer actualizado, nunca dando por concluído o seu processo formativo.
O formador deve ser capaz de questionar sistematicamente os seus próprios conhecimentos, para que possa existir uma constante reestruturação da sua “bagagem” profissional.
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COMPETÊNCIAS DO FORMADOR
A) Ser capaz de compreender e integrar-se no contexto técnico em que exerce a sua actividade:
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a população activa;
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o mundo do trabalho e os sistemas de formação;
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o domínio técnico-científico e/ou tecnológico, objecto da formação;
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a família profissional da formação;
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o papel e o perfil do formador;
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os processos de aprendizagem e a relação pedagógica;
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a concepção e a organização de cursos ou acções de formação.
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B) Ser capaz de adaptar-se a diferentes contextos organizacionais e a diferentes grupos de formandos.
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C) Ser capaz de planificar e preparar as sessões de formação, nomeadamente:
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analisar o contexto específico das sessões – objectivos, programa, perfis de entrada e de saída, condições de realização da acção;
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conceber planos das sessões;
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definir objectivos pedagógicos;
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analisar e estruturar os conteúdos de formação;
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seleccionar os métodos e as técnicas pedagógicas;
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conceber e elaborar os suportes didácticos;
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conceber e elaborar os instrumentos de avaliação.
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D) Ser capaz de conduzir/mediar o processo de formação/aprendizagem no grupo de formação, nomeadamente:
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desenvolver os conteúdos de formação;
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desenvolver a comunicação no grupo;
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motivar os formandos;
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gerir os fenómenos de relacionamento interpessoal e de dinâmica de grupo;
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gerir os tempos e os meios materiais necessários à formação;
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utilizar os métodos, as técnicas, os instrumentos e os auxiliares didácticos.
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E) Ser capaz de gerir a progressão na aprendizagem dos formandos, nomeadamente:
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efectuar a avaliação formativa informal;
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efectuar a avaliação formativa formal;
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efectuar a avaliação final ou sumativa.
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F) Ser capaz de avaliar a eficiência da formação, nomeadamente:
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avaliar o processo formativo;
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participar na avaliação do impacto da formação nos desempenhos profissionais.
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