desemprego

A crise e os impactos que teve no mercado laboral estão a alterar a abordagem dos candidatos ao recrutamento.

As férias deixaram de ser sinónimo de lazer e há quem as aproveite para aumentar qualificações e até mesmo quem está empregado já vai traçando estratégias para tentar novas oportunidades de emprego.

No final do segundo trimestre de 2009, altura em que a taxa de desemprego atingiu os 9,1%, Portugal já somava mais de meio milhão de desempregados. Uma fasquia elevada e sombria que obriga os candidatos, a quem o mercado de trabalho barrou a entrada, a delinear novas estratégias para alcançar um emprego.

As férias, tidas por muitos como um bem de primeira necessidade, tornaram-se um luxo e há já quem as aproveite para apostar na formação e no aumento de qualificações tendo como target alcançar um emprego ou posicionar-se activamente perante novas oportunidades laborais que possam surgir.

Até porque, na opinião de Fernando Neves de Almeida, country president da Boyden em Portugal, o mercado pode estar perto da retoma. Um estudo da empresa que lidera revela que 47% dos gestores portugueses esperam melhorias notórias para o seu negócio já a partir de 2010.

Teresa Carracha espera que a sua sorte mude antes disso, mas não espera de braços cruzados. Há cerca de ano e meio a jovem licenciada em psicologia viu-se atirada para uma situação de desemprego e desde então não conseguiu mais uma colocação adequada à sua área de formação.

“Fui obrigada a abrir temporariamente mão de exercer psicologia ou trabalhar na minha área porque precisei de aceitar um emprego que me permitisse pagar as contas, mas não desisti de voltar à psicologia”, explica Teresa.

Trabalha há pouco mais de um ano como administrativa numa empresa ligada à construção e nunca perdeu de vista o mercado de trabalho na sua área. “Não estou desempregada e por isso tenho neste momento uma situação de vantagem em relação a tantas outras pessoas que infelizmente não têm trabalho, mas a verdade é que estou continuamente à procura de alguma coisa na minha área e vou estando atenta ao que pedem as empresas para poder aumentar as minhas qualificações”, revela.

Este ano, os subsídios de férias e de Natal vão direitinhos para o mestrado que quer tirar em Gestão de Recursos Humanos. Mas à parte isso tem realizado vários cursos tendo sempre como meta crescer profissionalmente e regressar à sua área de actividade.

Para a jovem, o Verão é mesmo uma boa oportunidade para investir na qualificação, até pela via dos cursos de curta duração que ajudam a colmatar eventuais lacunas do candidato no mercado de trabalho.

Não é que não goste de praia, mas este Verão as férias de Teresa Carracha foram sacrificadas por dois desígnios maiores: poupar dinheiro para o mestrado e aprender as bases de espanhol num curso intensivo de línguas. Uma postura de quem sabe que todos os pontos contam na altura de alcançar um emprego.

E como Teresa existem centenas de desempregados e até colaboradores de empresas que estão de olho em novas oportunidades de trabalho e que já perceberam que a melhor estratégia é aproveitar este mau momento económico em que o recrutamento parece estar a meio gás para se qualificarem e estarem em topo de forma quando as empresas começarem a recrutar novamente em força.

Um estudo recente divulgado pelo cincodias.com revela que já aqui ao lado, em Espanha, nove em cada dez profissionais procuram permanentemente novos empregos, mesmo tendo uma posição assegurada no mercado.

E com isto, procuram também adequar as suas qualificações ao que o mercado pede de forma a estar mais que prontos quando chegar o momento de dar o salto.

E a verdade é que o mercado pode mesmo dar sinal de melhoria já em 2009. De acordo com o estudo da Boyden Global Executive Search, “47% dos inquiridos revelam-se optimistas quanto às suas perspectivas de negócio para o próximo ano, altura em que esperam que a sua empresa apresente já sinais de maior vitalidade e dinamismo”.

E para Fernando Neves de Almeida, a mudança do mercado passa sobretudo pela atitude dos empresários, “Mais do que qualquer investimento público, esta é a altura para todos aqueles que estão optimistas para 2010 procurarem formas de fazer passar essa mensagem, gerando energia positiva no seio das organizações e potenciando uma atitude de transcendência das pessoas”, argumenta o líder para quem “este poderá ser um verdadeiro efeito de alavancagem ao desenvolvimento e recuperação económica para o próximo ano. Cabe às administrações criar ferramentas que possibilitem este movimento dentro das suas organizações”.

Para o especialista, é inquestionável que apostar no reforço e aumento de competências em tempo de crise é a melhor das estratégias, até porque “as empresas precisam de levar a cabo processos de reorganização para dar a volta à crise”.

FONTE: EXPRESSOEMPREGO

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